Saúde mental e saúde bucal
Entenda a relação entre elas
A saúde mental e a saúde bucal são partes integrantes da saúde geral, que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um “estado de completo bem-estar físico, mental e social”, ou seja, um estado de normalidade de funcionamento do organismo humano. Significa viver com boa disposição física e mental.
A relação entre saúde mental e saúde bucal é uma via de mão dupla. Embora se conheça mais a influência dos transtornos mentais sobre o comportamento do indivíduo, afetando a rotina de cuidados com a saúde, recentes estudos alertam também para o efeito inverso.
Transtornos mentais
A depressão, o transtorno afetivo bipolar, a esquizofrenia e outras psicoses, a demência, a deficiência intelectual e os transtornos de desenvolvimento como o autismo, estão entre os transtornos mentais mais conhecidos. Entre os impactos mais significativos está a forte tendência a negligenciar a saúde física e a higienização bucal.
Como sabemos, os hábitos bucais de higiene estão entre os principais fatores de prevenção de cáries e doenças periodontais. Quanto maior o comprometimento mental e menor a condição social, mais grave é o problema. Soma-se a isto o fato de que alguns medicamentos utilizados em tratamentos psiquiátricos provocam hiperplasia gengiva. A hiperplasia é o aumento do número de células da gengiva.
Saúde mental e saúde bucal
Saúde mental e saúde bucal muitas vezes se distanciam em função de uma associação de fatores vinculados às alterações bucais a que estão sujeitas as pessoas que possuem alguma forma de transtorno mental. Além da negligência com os hábitos de higiene, danos psicomotores que causam dificuldades de coordenação motora prejudicam a execução dos cuidados bucais preventivos. Medicamentos provocam diminuição de fluxo salivar e problemas gengivais e o acesso aos serviços odontológicos frequentemente é precário.
O ideal é que familiares e cuidadores focalizem suas ações na conscientização das pessoas doentes. Isso vai gerar nelas uma vontade de se auto proteger e estimulando o interesse pelos cuidados com a saúde. Muitas vezes atinge-se um estágio em que os problemas bucais se acumulam por muito tempo, gerando a necessidade de atividades curadoras e reabilitação oral.
Se, por um lado, existe uma dificuldade dos portadores de transtornos mentais em assimilar uma rotina de cuidados e tratamentos dentários, constata-se também que, em alguns casos mais complexos, não é possível aplicar um tratamento odontológico convencional, sendo necessário que o dentista utilize outras técnicas como, por exemplo, a aplicação de anestesia geral.
Normalmente, portadores de doença mental são também pessoas de muita sensibilidade, requerendo um tratamento mais humanista e menos técnico. É importante que eles se sintam acolhidos e que confiem no profissional de odontologia, que deve demonstrar interesse em ajudá-los e proceder ao tratamento em um ambiente de harmonia e tranquilidade.
FONTE: Faculdade de Odontologia Universidade de São Paulo. (FOUSP)